Indiscutivelmente, o Brasil é um dos países com maior taxa de empreendedorismo do mundo. A última pesquisa realizada pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM), por exemplo, mostra que estamos entre os sete povos no planeta que mais se lançam a novos negócios.
No reverso da moeda, porém, persiste um altíssimo índice de mortalidade, principalmente entre as micro e pequenas empresas, justamente o perfil que corresponde à grande maioria dos empreendimentos nacionais.
Para se ter uma idéia, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 49% das empresas encerram suas atividades com até dois anos de existência, 56% com até 3 anos e 59% fecham suas portas antes de completar o quarto aniversário.
Existem, é verdade, diversos fatores determinantes para esse fenômeno, mas há um vilão em particular que merece destaque: a falta de uma cultura empresarial em favor da sempre recomendável contabilidade formal e bem estruturada.
Não foi por acaso que estudo do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP), realizado com a finalidade de detectar os principais entraves ao desenvolvimento dos pequenos negócios no País, apontou a não-utilização da ciência contábil como fator determinante para o insucesso em 60% das micro, pequenas e médias indústrias do estado.
Considerada por muitos apenas um meio de se cumprir formalidades e garantir uma relativa segurança perante os fiscos, a contabilidade deveria ser vista, isso sim, como poderoso instrumento de gestão empresarial.
Sua valia extrapola o caráter da mensuração puramente numérica, pois fornece uma verdadeira radiografia atualizada a cada novo dia, e, além de retratar a saúde financeira do negócio, permite o conhecimento detalhado dos seus pontos fortes, assim como fraquezas e tendências.
É, portanto, uma aliada na tomada de decisões diante da necessidade de reduzir custos; investir; contratar ou dispensar colaboradores; reavaliar preços; matérias-primas, enfim, na busca de tudo que coloque ou mantenha a empresa na trilha da maximização do desempenho. Os dados dela extraídos também são grandes facilitadores do sólido planejamento tributário, único caminho para se reduzir a elevadíssima carga tributária imposta às nossas empresas, sem qualquer transgressão à lei vigente.
Essa importância não diminui nem mesmo diante de certas e justificadas exceções, como a aberta recentemente pelo Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN), que, em consonância com o Código Civil Brasileiro e a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, dispensou de escrituração contábil as empresas individuais com faturamento anual de até R$ 36 mil. Não se deve confundir tal concessão com a renúncia pura e simples a um instrumento sem o qual nenhum empreendimento pode evoluir de fato e de direito.
Afinal, contabilidade é importante para todo tipo empresa, na qualidade de grande ferramenta de gestão e transparência, qualquer que seja o porte ou natureza de uma organização que pretenda fazer jus a esse nome.
Por que motivo, então, alguém abriria mão dessa amiga, uma vez que ela gera informações úteis, confiáveis e estratégicas para a gestão organizacional?
As altas e preocupantes estatísticas de mortalidade de empresas brasileiras poderiam ser significativamente revertidas se os empresários tiverem cada vez mais consciência do poder da contabilidade para o desenvolvimento de seus negócios.
Não há empresa bem-sucedida no Brasil que prescinda dos bons serviços prestados por organizações e profissionais contábeis.
Somos chamados por muitos de "os médicos das empresas" e aceitamos com orgulho esse título, pois realmente zelamos por nossos "pacientes", oferecendo um bom atendimento preventivo, capaz de favorecer não apenas a transformação de boas idéias em negócios de sucesso, mas também o próprio desenvolvimento de toda uma nação.
Fonte: Jornal DCI, 21/02/2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário