terça-feira, 17 de novembro de 2009

Contabilidade & Política

Segundo conclusão da The Economist de 14 de novembro de 2009 (Divided and Overruled), a contabilidade tornou-se política. A mudança das regras do valor justo, que determina que ativos sejam marcados a preços de mercado, proposta pelo Iasb, reflete a pressão dos bancos e dos políticos. A medida, segundo estimativa divulgada pela revista, é que a proporção dos ativos avaliados pelo valor justo deve cair pela metade nas grandes empresas européias.

A revista reconhece que o Iasb fez "grandes concessões". Mas a Comissão Européia deve decidir se parte da Europa adotará as novas regras. Apesar do pedido do G20 para que existam padrões globais independentes, há resistências. A The Economist cita especificamente a França. Para agravar, as diferenças com o Fasb, responsável pelas normas contábeis dos EUA, enfraquece a posição do Iasb.

Uma pesquisa recente encontrou que somente 24% dos executivos financeiros dos EUA apoiam a convergência entre as normas dos EUA e do Iasb, lembra o texto. O Financial Times (EU delays adoption of accounting rule changes, Nikki Tait & Rachel Sanderson, 12/11/2009) também destaca o atraso da União Européia em adotar as normas do Iasb. Os analistas consideram que os bancos franceses, alemães e italianos podem ter grandes perdas em razão das suas operações com derivativos. Mas o atraso tem provocado resistências daqueles que acreditam que a não adoção imediata das novas regras representa uma desvantagem em relação com as instituições internacionais.

Segundo o Blog Accounting Principles (IFRS: Political Sharks in the Waters) a nova proposta do Iasb é uma versão melhorada do Ias 39 e lembra que o European Financial Reporting Advisory Group no último mês endossou o novo padrão, o primeiro passo para adoção na Comunidade Européia. Este blog lembra que uma das objeções francesas deve-se ao fato de achar que o Iasb é muito focado no investidor. Um resumo das mudanças pode ser encontrado aqui.

Um texto do Cinco Dias, periódico espanhol, foi postado hoje no blog.

Fonte: Blog Contabilidade Financeira (Cesar Tiburcio)



Comentario

Sera que as ciencias contabeis passa ser considerada como politicas contabeis? Ultimanente a impressa americana, e mais fortemente a europeia, vem apresenentando fortes criticas a convergencia às normas contabeis do IASB. A cada dia se demonstra que estas normas não estao sendo elaboradas com base no resultado das pesquisas academicas em base cientifica. Caso estejam sendo elaboradas cientificamente, com muito rigor e criterio, estas pesquisas deveriam demonstrar/comprovar de forma inequivoca que um determinado conceito deveria ser levado em conta na producao das normas do IASB, hoje globalmente aceita.

Uma duvida fica no ar. Ou o mercado esta certo em refutar as normas por estas serem equivocadas, ou o mercado tem mais poder que o normatizador, que se mostra impotente diante das criticas e em razao disto muda as normas. Se uma das duas alternativas estiver correta, mereceria credibildiade as normas do IASB?

Algumas questões. Por que sera que no Brasil nao conseguimos perceber um posicionamente mais critico em relacão as normas IASB? Sera que por aqui as normas nao causarão nenhuma especie de distorcão na producão dos demonstrativos contabeis? Sera que estamos imunes a qualquer um dos possives equivocos apontados nas IFRS? Sera que a não resistencia brasileira às IFRS decorre do fato que nossos normatizadores e tradutores chegaram à uma inequvoca conclusão que as mesmas são corretas e por isso merecem todo o credito? Sera que não ha nenhum gap nos GAAP do IASB?

Conforme postamos semana passada, os pareceres sobre as demonstracões contabeis das empresas que "quebraram" durante a crise financeira que assolou os EUA não traziam nenhum alerta, pois obviamente elas foram elaboradas segundo as "normas", no caso do FASB (Onde estava o alerta sobre a crise?) .

IASB e FASB, duas potências geradoras de normas! Boas normas? Convenientes normas? Para quem? Alguns meses atras era comum a defesa da contabilidade baseada nesta normas, usando o argumento de que queriam pôr a culpa da crise financeira no mensageiro (a contabilidade), mas sera que o mensageiro nao estava levando a sua propria mensagem? (vide alguns artigos sobre que transcrevem alguns trechos destas defesas aqui e aqui)

Sera que Paul Krugman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia 2008 estava errado ao afirmar textualmente sobre que os “lucros precoces eram parte de uma fábula da imaginação dos contadores” (conforme citado em Crise e fabula dos contadores). (AAS)

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