por Ricardo Marques
Assim que desencadeou a forte crise econômica mundial desta década, que abalou sensivelmente países até então considerados de economia consolidada em todo o planeta, cientistas, economistas e estudiosos de diversas áreas começaram a se debruçar em estatísticas, números, dados e outros instrumentos para, primeiro explicar o que estava acontecendo e, segundo, buscar uma alternativa viável para que pudéssemos tornar a crise um evento passageiro, e o mais rápido possível.
Na verdade, a crise serviu como um aviso, como tantos outros aconteceram e estão acontecendo: uma afirmação que o nosso sistema econômico e nossa forma de lidar a divisão de bens e serviços em torno da qualidade de vida não é um modelo viável. Na perspectiva econômica, nossa tecnologia atual consegue produzir o necessário para atender até quatro vezes a população da terra, mas vivemos num modelo extremo de desigualdades sociais e má distribuição de renda. Desafio posto: a humanidade precisa aprender a distribuir suas riquezas.
Na perspectiva ambiental, estamos utilizando para manter o nosso modo de vida, toda a capacidade do planeta e 25% a mais, se pensarmos a necessidade deste mesmo planeta de recompor os recursos naturais utilizados de modo que o sistema de utilização-reposição se torne viável e sustentável. Isso quer dizer que produzimos mais que o necessário para a nossa sobrevivência e também exploramos mais do que a capacidade de auto-regulação do planeta. Desafio posto: precisamos aprender a viver racionalmente – o que deveria ser o diferencial entre nós e os demais animais – mantendo nossa qualidade de vida, reduzindo o nosso consumo e consequentemente reduzindo a nossa "pegada" de consumo de recursos naturais.
Só que isso é plenamente viável: temos tecnologia para isso, temos "inteligência" para isso e agora o principal: motivos: estamos numa crise cuja solução todos sabem e está sob o alcance de todos. Mas essa é uma tarefa coletivamente planetária. Uma responsabilidade de cada cidadão no mundo inteiro, em que o seu nível de comprometimento aumenta, dependendo de nosso nível social e de nosso nível de conhecimento, ou seja, quem tem mais deve abrir mão para quem tem menos. Quem conhece mais deve educar a quem compreende menos.
É esse o grande desafio da humanidade neste século. A diferença é que se não conseguirmos realizar a nossa tarefa, a punição será o desaparecimento da humanidade nos moldes como a conhecemos hoje. Ou será que todas essas tragédias naturais que estão acontecendo não tem a ver com tudo isso? Os desastres climáticos já estão matando mais de 315 mil pessoas por ano (Dados do Fórum Humanitário Global), isso sem contar o impacto na economia: cerca de um bilhão de dólares por ano (ONU).
Desse modo, o desafio é global, mas também regional e individual. A nossa região terá a chance de participar desse debate mundial e propor alternativas, além de analisar o seu modelo de desenvolvimento: no que podemos contribuir? Dia 29 de Abril no Centro de Cultura estaremos recebendo cientistas, estudantes, empreendedores, líderes regionais para traçarmos nosso plano. O evento "Vitória da Conquista 2020 – Prosperidade para uma Região Sustentável" chega para nos alertar, mas também dizer que é possível atravessarmos essa nova crise sem abrirmos mão do nosso desenvolvimento e nossa qualidade de vida. Desse modo, a participação de todos é importante para selarmos um pacto em torno de uma nova forma de economia.
Ricardo Marques é Vice Prefeito de Vitória da Conquista. É graduado em Administração, Especialista em Saúde Coletiva e Mestrando em Desenvolvimento. Regional e Meio Ambiente
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