quarta-feira, 7 de abril de 2010

IFRS: UE ameça convergência

UE propõe reforma no Iasb e ameaça convergência

O novo comissário da União Europeia para o mercado interno propôs reformas para o organismo que estabelece regras contábeis internacionais, enfurecendo os contadores e possivelmente liquidando as frágeis esperanças de convergência mundial.

Em uma aparente tomada de poder por Bruxelas, Michel Barnier sugeriu que o financiamento futuro ao Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês) poderá depender de a agência ceder a pressão política da Comissão Europeia (CE) no sentido de promover mudanças em sua governança.

A sugestão de Barnier, numa reunião de importantes contabilistas e funcionários de agências regulamentadoras em Londres, deixou espantada a comunidade de contadores ao levantar questões sobre a independência do Iasb, durante um período crucial de negociações visando estabelecer um conjunto internacional de normas contábeis.

Em setembro do ano passado, o Grupo dos 20 (G-20) países mais industrializados prometeu apoio a um conjunto único de normas contábeis de alta qualidade para melhorar os fluxos de capital e reduzir o tempo de arbitragem internacional em resposta à crise financeira. No entanto, está cada vez mais difícil obter um consenso.

Um ponto crucial é que muitos políticos europeus acreditam que uma fiscalização prudencial deve estar mais presente na governança do Iasb, para que a contabilidade possa ser usada como ferramenta que favoreça a estabilidade financeira.

Mas contabilistas e líderes empresariais - particularmente nos Estados Unidos e no Japão - argumentam que as contas não devem ser objeto de intervenção regulamentadora e que deveriam concentrar-se em fornecer uma fotografia exata do valor de uma empresa.

Durante uma reunião cada vez mais tensa sobre o financiamento futuro do Iasb, Barnier disse que "as duas questões - de financiamento e de governança - podem ser interligadas".

"Queremos ver mais emissores - mais bancos e mais empresas - e também mais fiscalizadores prudenciais representados no conselho gestor [do Iasb ]", afirmou ele. Prosseguindo, Barnier disse ser "prematuro" esperar que a UE eleve sua contribuição orçamentária anual de 4,3 milhões de libras (ou US$ 6,5 milhões) ao Iasb. Além disso, Bruxelas pretende reconsiderar a sua contribuição anual.

Experientes contadores disseram que o disparo de advertência de Barnier poderá colocar Bruxelas em conflito com os Estados Unidos e a Ásia, além de inviabilizar o processo de convergência.

Mais de 110 países, inclusive a maior parte da Europa e da Ásia, empregam o padrão de relatórios financeiros internacionais elaborado pelo Iasb.

As empresas americanas continuam a elaborar seus relatórios financeiros de acordo com os princípios contábeis amplamente aceitos nos EUA (US Gaap, na sigla em inglês), ao passo que as agências regulamentadoras consideram se endossarão o padrão internacional IFRS.


Fonte: via Rachel Sanderson, Financial Times, de Londres / Valor Econômico CFC (grifos nossos)

Comentário: A pergunta continua no ar: Por que será que no Brasil a convergência tem sido visto apenas sobre aspectos positivos? Quando muito vemos um texto ou outro mostrando as dificuldades que os contadores terão para "implementar" as IFRS via CPC´s. Então o que fazer? As mesmas fontes explicam: Treinamento! E quem oferece treinamento? Os principais responsáveis pelos treinamentos hoje no Brasil são as empresas de auditoria e alguns representantes "acadêmicos" no CPC. Ou seja, eu faço e financio as normas, e agora me paguem para aprender! Para os que acham um pouco ácido nossos comentários, eu apelo para o tempo. Notem que a UE adota as IFRS com cautela (e é o segundo maior mercado); o maior mercado ainda não adotou (os EUA). Se com normas (USGAAP) os escandalos pipocam a torto-e-a-direito no EUA imaginem quando a essência sobre a forma (altamente subjetivo) desembarcar de vez nos EUA (falam em 2014). O nível ético dos empresários e auditores americanos sinalizam que o pior pode estar para chegar. No Brasil, onde a ética é algo não preocupante, podemos esperar que a essência sobre a forma nos brinde com excelentes demonstrativos contábeis, aliado ao fato que as auditorias por aqui instaladas são imunes a desvios éticos, ao contrário das suas co-irmãs do "primeiro mundo"(AAS)

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