A escândalo da Agrenco é emblemático por ser o primeiro depois do renascimento do mercado de capitais brasileiro. Acabou a festa, chegam as cobranças. E esse jogo de achar culpados os auditores conhecem bem.
A mãe de todos os escândalos contábeis, a Enron, não quebrou os bancos que operavam com a companhia americana de energia, que estava entre as cinco mais admiradas do país: quebrou a Arthur Andersen, a mais respeitada auditoria do mundo até então.
Como ressaltam em todos os seus pareceres, a responsabilidade do auditor é expressar opinião sobre as demonstrações financeiras. Leia-se: não somos polícia, não sabemos se estamos sendo enganados pelo controlador etc.
É fato que essa posição mudou, na prática, nos últimos anos e as normas de auditoria ditadas pelos próprios auditores, reunidos na Federação Internacional de Contadores (Ifac), podem ser divididas em antes e depois da Enron.
Antes, a regra dizia, grosso modo, que o auditor não tinha que descobrir fraudes, mas se desconfiasse de algo teria que investigar e avisar a administração. No pós-Enron, o auditor ainda não se transformou em polícia, mas tem que considerar que a fraude é possível, mesmo num ambiente aparentemente controlado, fazer testes e ir fundo nas investigações.
No Brasil, ainda estamos no pré-Enron no que diz respeito a normas de auditoria. No entanto, as quatro grandes firmas do setor - a KPMG, que assina os balanços da Agrenco, é uma delas - costumam adotar as normas internacionais. Procurada, a KPMG informou que espera dados oficiais para se manifestar. (Colaborou Silvia Fregoni).
Fonte: Valor Online, 25/06/2008 , por Nelson Niero, de São Paulo
CASO AGRENCO
Para saber mais sobre o caso Agrenco: Contabilidade Financeira
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