Com a aprovação pelo Parlamento de Portugal - por ampla maioria de 230 votos a 3, apesar dos protestos liderados por intelectuais daquele país -, o acordo que unifica a ortografia em todos os países de língua portuguesa, já aprovado pelo Brasil, vai finalmente tornar-se realidade. Mas não imediatamente. Em Portugal isso acontecerá dentro de um período de adaptação de seis anos, e no Brasil, em três anos, a contar de 1º de janeiro de 2009.
O longo tempo necessário para vencer as resistências - o acordo foi assinado em 1990 - não tem relação com as mudanças, que a rigor são modestas. Por exemplo, no que se refere às mudanças da língua em Portugal, desaparecem o “c” e o “p” mudos, em palavras como acção, adopção e óptimo. Com exceção dos nomes próprios derivados, o trema deixa de existir. O hífen não será mais usado quando o segundo elemento começar com “r” ou “s”. O acento circunflexo não será usado em palavras terminadas com hiato “oo”, como em voo e enjoo, e o acento agudo em palavras terminadas em “eia” e “oia”, como ideia e jiboia.
Apesar do alcance limitado da reforma, haverá exceções. Os portugueses continuarão a escrever “António” e “género” com acento agudo, e os brasileiros, com circunflexo. Será mantido o “c” de “facto” em Portugal, porque lá “fato” é roupa.
Fonte: editorial do O Estado de S. Paulo - 26/5/2008
Infográfico: Folha de São Paulo: VEJA O QUE MUDA
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