quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Auditoria: polêmica em contratação na Inglaterra

Um postura nada convencional começa a ser adota por uma empresa inglesa na contratação de auditoria independente. A matéria lembra os casos da Eron e Worldcom, que mantinham relações não muito independentes com seus auditores.
(AAS)

KPMG assume auditorias externa e interna da Rentokil e causa polêmica
Valor Online, Notícias CFC
Jennifer Hughes, Financial Times, de Londres


A Rentokil Initial negociou com a KPMG uma forma de auditoria mais enxuta e mais barata que poderá ser adotada por outras companhias, mas que causou estranheza no mundo da governança empresarial. A Rentokil reduziu em 1 milhão de libras, ou quase um terço, seus pagamentos anuais aos auditores externos e internos.

O acordo prevê que a KPMG, nova auditoria externa, assumirá trabalho de auditoria interna ao lado da própria equipe da Rentokil. Anteriormente, a PwC fazia o trabalho externo, enquanto a Deloitte cuidava de grande parte interna.

O esquema é controvertido, uma vez que os escândalos contábeis na Enron e WorldCom resultaram em novas regras em grande parte destinadas a desmembrar os papéis de auditorias externa e interna para evitar que os auditores fiquem excessivamente vinculados a seus clientes.

As questões cruciais estão relacionados com não permitir que auditores auditem seu próprio trabalho interno ou assumam qualquer função administrativa.

A KPMG disse não haver conflitos em seu acordo com a Rentokil e que está consciente da regra.

"Conceitualmente, realizar auditoria interna não caracteriza conflito [de interesses, o que ocorreria] apenas se houvesse maior envolvimento em aspectos mais amplos - como de administração -, algo que não estamos fazendo", disse Oliver Tant, diretor de auditoria da KPMG no Reino Unido.

Entretanto, especialistas em governança têm questionado a prática de "misturar" auditorias interna e externa. Essa separação baseia-se no princípio de que auditores internos trabalham para a administração, ao passo que externos, ou "independentes", atendem aos interesses de investidores.

"As duas funções apresentam uma superposição parcial, mas fazem trabalhos bastante distintos, por mais que algum executivo-chefe possa achar que são idênticas", disse um auditor sênior.

A PwC também fez propostas para assumir a auditoria nesses termos na Rentokil. "Nossa independência é absolutamente vital para que conservemos a confiança do público. Sempre procuramos, onde apropriado, nos basearmos em trabalho de auditoria interna. Tem uma boa relação custo-benefício, mas permite que mantenhamos nossa independência", disse Richard Sexton, diretor de auditoria na PwC.

1 comentários:

Unknown disse...

Todos sabemos que a função da Auditoria Interna é trabalhar junto a organização, no que diz respeito a diretrizes, controles administrativos entre outros. A auditoria externa, por sua vez, visa a avaliação dos demonstrativos contábeis. Por esse motivo a auditoria é externa, para obtermos uma avaliação imparcial da realidade das companhias no que tange os princípios contábeis, natureza dos trabalhos e suas extensões. O que me estranha é a auditoria interna, uma atividade tipicamente contábil mas de caráter administrativo, ser realizada junto a uma empresa que realizará também a auditoria externa, uma vez que a atividade daquela, soa como um estreitamento dos laços entre as empresas. Cabe saber se a união destas não influenciará na imparcialidade da avaliação das demonstrações. Tomara que essa moda não se torne rotina, pois o nome dessa atividade passará de auditoria externa para “Auto Crítica”.