Por César Tibúrcio
Às vezes é comum associar endividamento com desempenho ruim para uma empresa. Talvez você tenha lido em algum livro de análise de balanços que em endividamento, “quanto maior, pior”. Isto é uma regra errônea e perigosa, pois depende de cada caso.
É natural que numa situação onde o endividamento está num nível bem elevado que o risco da empresa é também elevado. Mas isto também nem sempre é verdadeiro. Uma situação é quando a empresa possui a possibilidade de ser socorrida por um acionista. É o caso de uma empresa estatal, onde mesmo quando os níveis de endividamentos são elevados, o governo pode aportar mais capital. Também é a situação onde a empresa faz parte de um grande grupo empresarial.
Em certas situações, baixo endividamento é ruim. Se existe crédito disponível, com juros subsidiados, a captação de empréstimo pode ser muito vantajosa para a empresa. No passado, os usineiros tinham acesso a crédito farto, com baixo nível de cobrança. Nesta situação, pegar recursos de empréstimos era um ótimo negócio: devia-se e não se pagava.
A melhor resposta para a questão do endividamento talvez seja olhar um índice clássico, criado por Modigliani e Miller. Estes dois autores afirmaram que o retorno dos acionistas é obtido através da seguinte fórmula:
Retorno dos acionistas = Retorno do Ativo + (Retorno do Ativo – Custo dos Empréstimos) x Endividamento
É uma fórmula simples, mas muito rica em conteúdo. O retorno que os acionistas irão receber pelo capital que investiram na empresa depende do retorno que a empresa obtém com seus ativos, da diferença entre este retorno e o custo do empréstimo e o nível de endividamento. Esta fórmula recebe o nome de alavancagem.
Imaginando que o retorno do ativo seja positivo, a diferença entre o retorno do ativo e o custo dos empréstimos é relevante. Se esta diferença é positiva, quando maior o endividamento, maior o retorno para os acionistas. Isto é exatamente o oposto do que diz alguns livros de análise de balanços.
Fonte: Blog Contabilidade Financeira
Comentário: este assunto é abordado em nosso livro:
A Alavancagem Financeira é a medida que avalia a capacidade da empresa em utilizar encargos financeiros fixos para maximizar os efeitos da variação do lucro. A força da Alavancagem Financeira pode aumentar o retorno dos investimentos dos acionistas e, freqüentemente, há vantagens fiscais associadas com a obtenção de empréstimos, por conta da possibilidade de dedução no Imposto de Renda das despesas com os juros.Com o estudo da Alavancagem Financeira determina-se o grau de impacto nos resultados decorrentes da utilização de capitais de terceiros.
Trecho do Capítulo 13 - Estudo da Alavancagem
A segunda edição do livro será lançada no próximo mês de maio. Saiba mais aqui
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