sábado, 26 de setembro de 2009

Puxão de Orelha 2

Parece que a CVM vai ter que se explicar. O ofício circular que ela enviou no dia 2 de setembro indistintamente para todos auditores independentes, chamando a atenção desses profissionais sobre cuidados que eles devem ter na elaboração dos seus pareceres sobre os balanços das companhias abertas não pegou bem. Nem para o mercado, nem para os auditores.


Conforme comentamos anteriormente, quando lia o referido Ofício tínhamos a expectativa de saber quem emitiu tais pareceres e sobre quais demonstrativos. Infelizmente o mercado não sabe quem falhou. Todas as empresas de auditoria cometeram os erros apontados? Algumas delas? Optou-se por uma censura geral para evitar a exposição de uma ou algumas companhias específicas? (confira comentários em Puxão de Orelha).

Agora os Auditores Independentes querem uma explicação da CVM.

Na edição de hoje do Valor Econômico saiu uma matéria mostrando o nível de insatisfação das empresas de auditoria.

Entendo que as explicações dadas na matéria pelo superintendente de normas contábeis e auditoria da autarquia não foram suficientes. A posição externada na matéria deixa transparecer que os problemas estão localizados nas pequenas e médias empresas de auditoria, em função, segundo o superintendente, dos poucos treinamentos nestas empresas. Segundo ele, os problemas citados no Ofício " não foi resultado apenas do que aconteceu nos balanços de 2008, mas do conjunto dos últimos anos."

Se isto tudo que foi dito pelo superintendente da CVM for verdade surgem as seguintes situações:

  • Não há problemas com as grandes do segmento de auditoria, já que o problema é localizado nas pequenas e médias empresas;
  • A CVM está "assinando embaixo" dos pareceres das grandes e "colocando em xeque" os pareceres das pequenas?
  • Se as pequenas e médias empresas de auditoria estão realizando poucos treinamentos para sua equipe esta afirmação é preocupante, pois de acordo com a Instrução CVM nº 308/99 e Deliberação CVM nº 570/2009, compete à CVM acompanhar o atendimento ao mínimo de educação continuada esperada dos auditores, inclusive em relação às IFRS?
  • Como tem sido o acompanhamento da CVM em relação à educação continuada dos auditores"?
  • Quais empresas não estão efetuando auditoria no "padrão esperado pelo mercado"?
  • Quais são estas empresas "mal" auditadas e quais períodos estão com problemas de parecer de auditoria?
  • Se o problema não são apenas os pareceres emitidos para as demonstrações contábeis de 2008, mas os dos últimos anos, por que não foram tomadas as providências anteriormente?

Esperamos que as possíveis não conformidades contábeis "sejam pequenas", caso contrário podemos ser surpreendidos com alguns "probleminhas de insolvência".

Não seria demais esperar que a CVM emita o quanto antes uma nota de esclarecimento ao mercado.

Auditor cobra CVM por reprimenda

Os auditores vão pedir explicações à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o órgão regulador do mercado de capitais, sobre um ofício divulgado na semana passada em que a autarquia critica a atuação desses profissionais.

Representantes do setor aproveitaram um evento, que acontece em São Paulo, para marcar um encontro e pedir explicações.

A reunião está marcada para hoje, último dia da Conferência Anual de Contabilidade e Responsabilidade para o Crescimento Econômico Regional na América Latina e Caribe, que começou na quarta-feira e reúne profissionais de diversos países.

Segundo um auditor, a intenção é perguntar à CVM o que motivou a reprimenda. Eles não gostaram da generalização feita pelo regulador ao divulgar o comunicado, no início deste mês.
O ofício diz que "foram identificados casos em que houve emissão inadequada do tipo de parecer e omissões nos comentários nos parágrafos adicionais" dos balanços das companhias abertas de 2008. Nenhuma firma é identificada.

Antonio Carlos de Santana, superintendente de normas contábeis e auditoria da autarquia disse que o ofício não foi resultado apenas do que aconteceu nos balanços de 2008, mas do conjunto dos últimos anos.

"Como foi genérico, o documento alcançou auditores que não se enquadravam nos problemas", admite Santana. Como forma de apaziguar os ânimos, declarou: "Certamente, os maiores problemas estão onde há menos treinamento, principalmente nas pequenas e médias [auditorias]". Ele destaca que o comunicado teve um objetivo claro, que é destacar a necessidade de um processo de aprendizado contínuo. "Sempre há aperfeiçoamentos a serem feitos."
Ele lembrou ainda que há "desníveis" na profissão, que precisam ser superados. "É a preocupação atual do Ibracon [instituto dos auditores independentes]", diz.

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