Adesão a norma internacional amplia acesso a empréstimos
Juliana Ennes, Jornal DCI, 02/05/2008
A adesão aos padrões internacionais de contabilidade instituído pela Lei 11.638 aprovada no final do ano passado - obrigatória para empresas de capital aberto e para as grandes companhias limitadas - poderá trazer benefícios financeiros, como aumento do valor de mercado e melhor acesso ao crédito internacional.
O International Accouting Standards Board (IASB) vai lançar, até o final deste ano, conjunto de normas de informação financeira voltadas para pequenas e médias empresas de capital fechado, que estão fora da obrigatoriedade imposta pela lei. Para o representante do Banco Mundial para América Latina, Henri Fortin, "é importante que o Brasil adote as regras para pequenas e médias empresas, porque elas vão melhorar a qualidade da informação", disse. Segundo dados divulgados pelo diretor de Relações com Empresas da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), João Batista Fraga, o valor de uma empresa pode aumentar de 2% a 4% com a adesão ao International Financial Reporting Standards (IFRS). Pode haver ainda aumento de liquidez de seus papéis negociados em Bolsa, de 3% a 6%.
Os dados são resultado de estudo realizado nos 26 países que já adotaram o IFRS, somando 10.789 companhias de capital aberto. O estudo mostrou que os países reagiram de maneira diferente à implementação do novo modelo de contabilidade, mas naqueles em que o órgão regulador incentivou a transparência houve melhora de resultados. Porém, como a implementação está sendo feita em paralelo aos ajustes legais, a necessidade de atualização dos profissionais e de reestruturação das áreas contábeis pode trazer maiores custos para as empresas, o que acaba fazendo com que quem não é obrigado a seguir as normas não o faça.
Incentivo
Como forma de incentivo, o diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Durval Soledad, sugeriu ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que atrele a concessão de investimentos dos fundos voltados para empresas emergentes e de private equity à adoção dos padrões do IFRS. "O BNDES tem fundos para empresas emergentes e de private equity. Pode perfeitamente condicionar este apoio. Seria um estímulo financeiro", disse Soledad, funcionário de carreira do banco, cedido ao Colegiado da autarquia.
Ele disse que a BNDESPar, a carteira de investimentos do banco, utilizava um sistema de prêmio de governança corporativa, que beneficiava empresas mais transparentes. A idéia é de que o incentivo à adoção do IFRS funcione de maneira semelhante.
O maior benefício para as empresas com a adoção aos novos padrões de contabilidade, segundo Henri Fortin, é o maior acesso ao financiamento externo, com melhores condições - taxas de juros mais baixas. "O investidor incorpora o prêmio de risco sobre a empresa. Uma informação financeira de melhor qualidade tende a reduzir esse risco específico", disse Fortin, que participou do seminário IFRS - Um caminho para a Transparência por meio de vídeo enviado ao evento.
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